INDEPENDÊNCIA OU MORTE!

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

— Sai agora deste quarto e vai ajudar tua mãe, seu moleque inútil!

A voz embriagada do pai ecoou como um trovão. Bruno, um adolescente de 15 anos com corpo de homem feito, engoliu o orgulho. Sabia que desobedecer significaria uma surra — e, por mais humilhante que fosse apanhar naquela idade, a vergonha de chegar à escola marcado era pior. Levantou-se com um suspiro pesado e foi até a cozinha, onde a mãe, mãos trêmulas, lhe entregou um balde com sabão.

“Inútil é você, seu bêbado miserável”, pensou, esfregando o azulejo do banheiro com raiva contida. Marcos, seu pai, desde que perdera o emprego na empresa de segurança, afundara num poço de frustração. O mercado estava saturado de ex-vigilantes como ele, e os bicos em lojas mal pagavam o álcool que ele consumia. A mãe, frágil como um pássaro ferido, complementava a renda com serviços de limpeza — quando não se entupia de calmantes para fugir da realidade.

Naquela manhã, enquanto pesquisava para um trabalho escolar, Bruno encontrara um trecho na Wikipedia que lhe grudara na mente:

“Tirem suas braçadeiras, soldados. Viva a independência, à liberdade e à separação do Brasil!”

Dom Pedro I, espada em punho, libertando o país do jugo português. A imagem o eletrizou. Mal podia esperar para contar à mãe — sua única aliada.

Ao chegar em casa, porém, o pai já estava à mesa, o rosto rubro de bebida.

— Lava essa cara antes de comer, aqui não é chiqueiro!

— Pai, só vou contar uma coisa pra mãe e já…

— CALA A BOCA! Enquanto não bota um trocado nessa casa, obedece!

O sangue de Bruno ferveu: — Eu faço tudo o que mandam! E cuidar da família é SUA obrigação!

O tapa veio como um chicote, atingindo-o entre a orelha e o pescoço. A mãe se interpôs, mas Marcos a derrubou com outro golpe. O som do corpo dela batendo no chão ecoou como um baque surdo.

— Vou te ensinar a respeitar teu pai, vagabundo!

Bruno não pensou. Correu até o quarto dos pais, revirou o guarda-roupa e encontrou o que procurava: a pistola, sempre no mesmo lugar, sob uma pasta de documentos.

Quando voltou, a mãe sangrava no chão. Ele ergueu a arma.

— Solta ela. Ou eu atiro em você, seu escroto! E não duvide de mim…

Marcos riu, os dentes manchados de cachaça.

— Bandidinho! Nem sabe carregar essa… — O disparo cortou o ar…

O pai olhou para o peito, onde um vermelho vivo se espalhava. Caiu de joelhos, depois de bruços. A mãe gritou, agarrando a arma das mãos do filho, mas era tarde. Enquanto os paramédicos carregavam o corpo, Bruno ficou parado, o zumbido no ouvido ainda ecoando. Na mente, apenas uma frase, repetida como um mantra:

“Independência ou morte.”

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Olá, eu sou Ari Jr

Sou escritor, blogueiro e viajante. Ser criativo e fazer coisas que me mantêm feliz é o lema da minha vida.

Últimas Postagens

Anúncios

0 0 votos
Article Rating
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

Get Curated Post Updates!

Sign up for my newsletter to see new photos, tips, and blog posts.

Subscribe to My Newsletter

Subscribe to my weekly newsletter. I don’t send any spam email ever!