“Se você quiser mudar o mundo, comece arrumando a sua cama.” As palavras do almirante William McRaven, em seu famoso discurso de formatura na Universidade do Texas, ecoam até hoje como um lembrete de que, muitas vezes, os grandes feitos começam com as pequenas atitudes do cotidiano. Arrumar a cama pode parecer uma tarefa simples, mas carrega em si uma mensagem poderosa: antes de tentar mudar o mundo, é preciso olhar para o que temos à nossa volta e fazer o melhor com o que nos foi dado.
E, no caso do Brasil, parece que estamos ainda em busca dessa “cama arrumada”. Nos últimos anos, uma onda de deportações de brasileiros que viviam ilegalmente nos Estados Unidos colocou em pauta uma questão sensível: nossa relação com o país que nos acolheu, mas também com o nosso próprio Brasil. A saída de tantos compatriotas para tentar a sorte em terras estrangeiras, muitas vezes sem papéis, sem direitos, sem garantias, expõe um comportamento repetido de quem tem a ilusão de que a grama do vizinho é sempre mais verde.
O fenômeno da imigração brasileira para os Estados Unidos, e sua recente reversão com a deportação de milhares, capitaneada pelo atual presidente Donald Trump e alardeada por todos os veículos midiáticos (não que Joe Biden também não o tivesse feito, porém sem grande destaque dos periódicos) é um reflexo claro de um complexo de inferioridade que nos acompanha desde os tempos coloniais. Somos, de certa forma, filhos de uma nação que nunca soube se valorizar de verdade. Por isso, o brasileiro sempre olhou para o exterior com uma certa reverência. É como se a aprovação de um gringo fosse, de alguma forma, um selo de qualidade. O Brasil, em muitos aspectos, ainda se vê como o vira-lata de uma América que o considera inferior, mais uma vez jogando suas fichas em um “sonho americano” que, na realidade, não está interessado em nossos problemas nem em nossos sonhos.
Por mais que os brasileiros que retornam ao país sintam que o Brasil falhou com eles, a verdade é que esse país aqui é o único que nos quer com tanto carinho e acolhimento, como um lar imperfeito, mas que, por mais defeitos que tenha, é o nosso. Nenhum outro lugar no mundo nos oferece tanto quanto a nossa terra. Em vez de olhar para fora, como tantos fizeram, podemos olhar para dentro, para o que nos pertence, para o que podemos melhorar. Podemos, como diz McRaven, arrumar a nossa cama primeiro.
Nosso país, apesar de todos os desafios, tem um potencial imenso em todos os aspectos que observarmos. E é preciso entender que a mudança começa aqui, de dentro para fora. Precisamos cuidar do Brasil como quem cuida da sua casa, da sua cama. Não adianta seguir a onda dos que sempre buscam fora a solução para seus problemas. O que o Brasil precisa não é de uma fuga em massa para outros países, mas de uma revolução silenciosa, mas contundente, que parta da conscientização de que somos responsáveis pela melhoria da nossa pátria.
Ao invés de tentar convencer os outros de que somos dignos de ser aceitos, podemos trabalhar para que o Brasil se torne, de fato, o melhor lugar do mundo para se viver. E isso começa com o pequeno gesto de arrumar a cama: valorizar o que temos, zelar por nossas riquezas, cuidar da nossa gente, exigir nossos direitos e, mais do que tudo, acreditar que podemos, sim, ser grandes em nossa própria casa. Porque, no final, em nenhum outro país seremos tão filhos, quanto dessa nossa terra abençoada, o Brasil.
📰 Esta publicação também está no jornal A Tribuna!
Nosso artigo foi publicado na edição do dia 05/02/2025 do jornal A Tribuna Piracicabana. Você pode conferir a matéria completa no formato PDF acessando o link:
📄 A Tribuna Piracicabana – Edição 13563 (05/02/2025)
Acompanhe e compartilhe essa reflexão sobre mudança, valorização e crescimento! 🚀🇧🇷
