ENTREVISTA COM CHICO BUARQUE AOS 81: UMA CONVERSA ENTRE UÍSQUE, CIGARRO E FUTUROS AMANTES

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Uma noite inesquecível com Chico Buarque: onde política, poesia e uísque se misturaram numa conversa que poderia durar até o amanhecer. Vida longa ao mestre.

(Cenário: Um apartamento no Rio, vista para o mar. Chico Buarque relaxa em uma poltrona, copo de uísque na mão, cigarro esporádico. Eu, nervoso por estar diante de um mito, tento disfarçar tomando um gole do meu próprio drink.)

EU: Chico, primeiro: parabéns pelos 81. Como é chegar nessa idade carregando o peso de ser “Chico Buarque”?

CHICO: *(risos)* Peso? Eu devia ter começado a malhar há uns 50 anos, sorte que minha paixão pelo futebol me ajudou a manter a forma. Mas brincadeiras à parte, o que pesa mesmo é a carteira de idoso no bolso. De resto, sigo levando como sempre: um dia de cada vez, uma música de cada vez.

EU: E as músicas ainda vêm com a mesma facilidade? Ou a musa inspiradora agora exige mais café e menos uísque?

CHICO: *(acende um cigarro, pensativo) * A musa hoje em dia é mais preguiçosa, admito. Às vezes, fico olhando pro papel em branco e ela me olha de volta, como quem diz: “Vai fazer sozinho, seu velho”. Mas quando vem, vem. E o uísque ainda ajuda — com moderação, é claro. *(sorri)* Ou não. Hoje também foco mais nos meus romances, encontrei um novo nicho de canalizar minha inspiração, mas, claro, a música ainda tem um lugar importante em minha vida.

EU: Falando em vir… Suas letras sempre vieram carregadas de política, amor, Brasil. Hoje, com o país ainda mais polarizado, você acha que as pessoas ouvem suas músicas com os ouvidos certos? Ou muita gente ainda confunde “Chico, o artista” com “Chico, o esquerdista”?

CHICO: *(suspira, toma um gole) * Olha, desde os tempos da ditadura eu ouço que “música não devia se meter com política”. Só que música é gente, e gente é política, quer queira, quer não. Agora, se o sujeito deixa de gostar de *Construção* porque eu votei em fulano ou beltrano, o problema é dele, não meu. A obra tá aí: quem quiser que mergulhe, quem não quiser que fique na margem. Isso foge ao meu controle, então, não dá pra se aborrecer.

EU: Mas você não acha que, hoje em dia, as pessoas têm mais dificuldade de separar o artista da arte?

CHICO: *(ri)* Separar o artista da arte é que nem separar o uísque do gelo: até dá, mas perde a graça. Minhas convicções estão nas minhas canções, e tá tudo bem. Quem quiser ouvir só a melodia, ótimo. Quem quiser discutir o recado, melhor ainda. Agora, quem acha que arte tem que ser neutra, devia ouvir mais jingle de margarina. E discordar faz parte duma democracia saudável, coisa que sempre lutei, da minha forma, para que existisse em nosso País. Agora, não posso ir contra algo que eu mesmo considero ter ajudado a construir.

EU: *(rindo, encantado com sua sabedoria) * Falando em futuro — já que você mencionou a velhice — como você acha que sua obra vai ser lembrada daqui a 50 anos?

CHICO: *(pausa longa, olha pro mar) * Espero que lembrem como quem lembra de um amor antigo: com carinho, mas sem nostalgia besta. Que cantem “A Banda” não como “música de vovô”, mas como algo que ainda diz algo. E se um dia “Cálice” for só uma curiosidade histórica, ótimo, isso quer dizer que a censura acabou de vez. *(pisca)* Mas duvido, infelizmente, que será assim.

EU: E você, como quer ser lembrado? Como o poeta, o compositor, o romancista, o militante?

CHICO: *(esmaga o cigarro, sorri) * Como o cara que tentou, pelo menos, ser um pouco de tudo isso. O resto é detalhe.

EU: Última pergunta: qual sua dica pra quem ainda quer chegar aos 81 com alguma sanidade e, de preferência, um uísque na mão?

CHICO: *(levanta o copo, brinda comigo) * Não levar muito a sério, nem a vida, nem a morte, e muito menos as entrevistas, coisa que sempre fui muito avesso a dar. *(risos)* E sempre ter um bom amigo pra dividir o uísque.

(Fim. Eu saio dali com a sensação de que, mesmo aos 81, Chico ainda sabe mais da vida do que eu jamais saberei.)

Nota do Editor: Se essa entrevista fosse real, eu já poderia morrer feliz. Mas como não é, fica o brinde virtual: à saúde do Chico, e que ele continue nos ensinando, mesmo quando acha que não está. 🥃🎶

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Olá, eu sou Ari Jr

Sou escritor, blogueiro e viajante. Ser criativo e fazer coisas que me mantêm feliz é o lema da minha vida.

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