Em um mundo que muitas vezes celebra a ideia de “desacelerar” e “aproveitar a vida sem pressão”, é fácil cair na armadilha de acreditar que repouso e inércia são sinônimos de felicidade. No entanto, há algo profundamente humano, vital, na realidade, em manter viva a chama da criação, da realização e da busca por objetivos. Não se trata de mero trabalho ou produtividade, mas de algo mais essencial: o sentido que nos impulsiona.
Pense em Clint Eastwood, um ícone do cinema, que aos 95 anos ainda dirige filmes e, com sua presença marcante, lembra ao mundo que a idade não é um limite, mas um número. Eastwood não permanece ativo por obrigação ou necessidade financeira, mas porque estar envolvido na criação, seja de um filme, de uma história, de uma obra é parte fundamental de quem ele é. E esse talvez seja um dos segredos não apenas para uma vida longa, mas para uma vida bem vivida.
A ciência já comprovou que pessoas com objetivos claros tendem a ter melhor saúde mental e física. Um estudo publicado no Journal of Aging and Health mostrou que idosos que mantinham projetos pessoais, como aprender um instrumento, escrever um livro ou viajar para um lugar novo, por exemplo, apresentavam níveis mais baixos de estresse e maior resistência a doenças degenerativas. Isso acontece porque, quando temos um alvo, nosso cérebro libera dopamina, o neurotransmissor associado à motivação e à recompensa. Ou seja, o simples ato de planejar e perseguir algo nos traz satisfação, independentemente do resultado.
Mas não se trata apenas de bioquímica. Ter metas e alvos nos dá estrutura. Em um mundo cada vez mais volátil, onde crises pessoais e coletivas podem nos desestabilizar, os objetivos funcionam como faróis. Eles nos lembram que, mesmo em dias difíceis, há um caminho a seguir.
Há uma frase atribuída a Goethe que diz: “A inatividade mata mais do que o excesso de trabalho.” E ela faz todo o sentido. Quando paramos de nos desafiar, nosso corpo e mente entram em um estado de letargia perigosa. Quantas vezes vimos pessoas que, ao se aposentarem, depois de muitos anos numa rotina de trabalho, sem um plano claro, começam a declinar rapidamente em saúde? Não porque o trabalho em si fosse essencial, mas porque a ausência de propósito mina nossa vitalidade. O cérebro, assim como os músculos, precisa de exercício constante.
Para isso, tenha projetos, grandes ou pequenos. Não precisa ser algo monumental como dirigir um filme aos 90 anos. Pode ser aprender a cozinhar um prato novo, escrever um diário, plantar um jardim ou se voluntariar em uma causa. O importante é que seja algo que te mova. Também, não tenha medo de recomeçar, é comum pessoas abandonarem sonhos porque acreditam que já passou da hora, que são velhos demais. Mas a verdade é que nunca é tarde para ajustar o rumo. Se um objetivo não faz mais sentido, troque-o por outro. Aprenda a celebrar as pequenas conquistas, parando de se concentrar só com o destino, entendendo que a jornada é tão importante quanto. Reconhecer cada passo dado mantém a motivação acesa. Outra dica é encontrar inspiração em histórias como a de Eastwood, pois essas pessoas que desafiam o tempo nos mostram que a idade não define nossa capacidade de criar, contribuir e nos reinventar.
Caros leitores, se há algo que Clint Eastwood, Ary Fontoura, Tony Tornado e tantos outros mestres que têm o privilégio da longevidade nos ensinam, é que a vida ganha cor quando temos razões para levantar todos os dias. Não espere a motivação chegar, crie-a. Trace um plano, mesmo que modesto, e siga em frente. Afinal, como diz Augusto Cury: “Se o tempo envelhecer o seu corpo, mas não envelhecer a sua emoção, você será sempre feliz.” Que nossa chama nunca se apague.
26/07/2025 – Página 7
