O Dia do Escritor e a Coragem de Começar

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No último dia 25 de julho, celebramos o Dia do Escritor. Uma data que, para mim, sempre traz um misto de admiração, nostalgia e uma ponta de inquietação. Afinal, como alguém que cresceu devorando livros, sonhando em um dia ver suas próprias palavras impressas, eu sei bem o que é olhar para os grandes nomes da literatura e pensar: “Nunca serei capaz”…, mas, vamos começar do início.

Desde a adolescência, fui um leitor voraz. Jorge Amado, com seu ‘Capitães da Areia’, me transportou para as ruas de Salvador, onde meninos marginalizados tinham histórias de dor e esperança. Luís Fernando Veríssimo, com seu humor inteligente e cotidiano, me mostrou que a literatura podia ser leve e profunda ao mesmo tempo. João Ubaldo Ribeiro, em ‘Viva o Povo Brasileiro’, me fez mergulhar na complexidade da nossa história de um jeito que nenhuma aula de colégio conseguiu. Era impossível não me encantar. Mais do que isso: era impossível não sentir um frio na espinha imaginando se um dia eu também poderia criar algo assim.

Por anos, alimentei o sonho de escrever, mas também alimentei o medo. Medo de não ser bom o suficiente, ao constantemente me comparar com esses e outros tantos nomes notáveis. Medo de que minhas histórias fossem insignificantes diante da grandeza desses autores. Medo de, no fim das contas, descobrir que eu não passava de um fã entusiasmado, sem talento para a coisa real. Quantos de vocês que pensam em escrever já sentiram isso?

A verdade é que esse temor paralisa muita gente. A gente lê clássicos, best-sellers, obras consagradas, e pensa: “Como ousar?” Mas aí está o segredo: ninguém começa grande. Nem mesmo os grandes.

Meu primeiro texto “sério”, pelo menos no meu entendimento, foi um conto mal-acabado, escrito num caderno onde eu me arriscava rabiscar umas bobagens. Não mostrei para ninguém durante meses, certo de que eu havia criado um pequeno Frankenstein, recorte de coisas que eu lia. Até que um dia, quase sem querer, deixei que um amigo o lesse. Ele não era escritor, nem crítico literário, mas seu olhar brilhando ao final da leitura foi o suficiente para eu perceber: talvez eu tenha algo a dizer…

Dali em diante, fui experimentando. Escrevi crônicas, pequenos ensaios, textos que nunca veriam a luz do dia. Alguns eram ruins, outros medianos, raros eram bons. Mas cada um deles me ensinou algo, ou sobre registrar o que se passava na minha mente, ou sobre como exercitar os mais diversos métodos de criatividade escrita. E, mais importante, pessoas especiais, meus amigos, familiares, professores, sempre me incentivaram a continuar, acreditando em mim mais do que eu mesmo.

Foi assim que, aos poucos, fui ganhando coragem para compartilhar meus textos nas minhas redes sociais, em blogs, até chegar a esta coluna semanal. E hoje, com um livro em preparação para o ano que vem, olho para trás e penso: “Se eu tivesse deixado o medo vencer, nada disso existiria.”

Não vou romantizar: escrever no Brasil é difícil. O número de leitores é baixo, o mercado é competitivo, e muitas vezes parece que estamos falando sozinhos. Mas sabe de uma coisa? Isso não diminui em nada a importância da nossa voz. Por isso, meu incentivo para os escritores já estabelecidos, conhecidos ou anônimos é: continuem. Seu trabalho importa. Pode ser que hoje apenas uma, cinco ou dez pessoas leiam o que você escreve, mas uma delas pode ser transformada por suas palavras. E para aqueles que estão começando, cheios de dúvidas e inseguranças como eu tive e tenho até hoje é: escrevam. Escrevam mesmo que ninguém leia. Escrevam mesmo que o texto saia torto. Escrevam por amor, por necessidade, por teimosia. A literatura não é um clube fechado, ela é uma conversa infinita, e cada um de nós tem algo a acrescentar.

Neste Dia do Escritor, minha homenagem vai além dos grandes nomes que me inspiraram. Vai para todos os que, como eu, já tremeram diante da página em branco. Para os que já se questionaram se valia a pena. Para os que persistiram mesmo assim. Escrever é um ato de coragem. E se há uma coisa que aprendi ao longo dessa jornada, é que não precisamos ser geniais para começar, só precisamos começar para quem sabe um dia nos tornarmos algo parecido com aqueles que tanto admiramos.

Então, mãos à obra. O mundo precisa das suas histórias.


Edicao 13701 – 18 Paginas – Terca – 29-07-25

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Olá, eu sou Ari Jr

Sou escritor, blogueiro e viajante. Ser criativo e fazer coisas que me mantêm feliz é o lema da minha vida.

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