O DIA MUNDIAL DO LIVRO – UMA JORNADA DE PÁGINAS E SENTIDOS

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Meus queridos leitores. Quarta-feira passada, no dia 23 de abril, celebramos o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, data escolhida pela UNESCO em homenagem a três gigantes da literatura: Miguel de Cervantes, Inca Garcilaso de La Vega e William Shakespeare, que, curiosamente, morreram no mesmo dia em 1616. Mas o livro, essa invenção tão antiga e tão viva, merece mais do que uma simples comemoração — merece uma reflexão sobre sua trajetória, sua evolução e seu papel em nossas vidas hoje.

Antes do livro como o conhecemos, havia tabuletas de argila, papiros egípcios e pergaminhos romanos. A escrita já existia, mas era volume — literalmente. Os rolos (chamados volumina) eram difíceis de manusear, caros e frágeis, assim, destinados apenas a uma pequena casta. Foi com o códex, no século I d.C., que o livro ganhou forma próxima à atual: páginas separadas, encadernadas, permitindo acesso rápido a qualquer trecho. Os primeiros códices eram de madeira ou pergaminho, mas foram essenciais para a disseminação do conhecimento, especialmente com o cristianismo, que os adotou para copiar a Bíblia.

A prensa de Gutenberg, no século XV, revolucionou tudo. Antes, livros eram copiados à mão, um a um, por monges e escribas, num trabalho que exigia paciência, muita habilidade, e que consumia, às vezes, uma vida inteira do copista. Gutenberg não só acelerou a produção, mas democratizou o saber. A Bíblia foi seu primeiro grande projeto, mas logo vieram obras científicas, literárias e filosóficas. O livro deixou de ser um objeto sagrado, restrito a poucos para se tornar um companheiro cotidiano, responsável pela educação e diversão de muitos.

Nos séculos seguintes, o livro se popularizou. No século XIX, a industrialização barateou a produção, e surgiram os romances de folhetim, lidos em jornais, mais ou menos no estilo das colunas que escrevemos aqui e vocês todos podem acompanhar. Autores como Machado de Assis e Charles Dickens conquistaram leitores em série. No século XX, o livro de bolso (como os da Coleção Penguin) colocou literatura de qualidade no bolso de qualquer um. Nelson Rodrigues, já nos nossos tempos, era aguardado ansiosamente nas colunas do jornal ‘Última Hora’, com seu texto ácido e ousado em ‘A Vida Como Ela É’.

E então veio a revolução digital. O e-book e o Kindle prometiam a morte do livro físico — mas ele resiste. Por quê? Talvez pelo tato, pelo cheiro, pelo ritual de virar a página. Ou porque um livro na estante é mais do que texto: é memória afetiva. Mesmo estando vivendo na era do conteúdo rápido, de redes sociais, vídeos curtos, textos mastigados, ainda assim, os livros persistem — e se reinventam. Comunidades virtuais como BookTok e Bookstagram provam que a literatura ainda viraliza. Jovens discutem títulos tais como “É assim que acaba”, de Colleen Hoover ou “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior com a mesma paixão que antes se lia nos cafés literários, provando que essa paixão perdura até nossos dias, com a mesma força de antes.

Mas o livro hoje não é só entretenimento. É ferramenta de resistência. Autores marginalizados — como Conceição Evaristo e Geovani Martins — usam a palavra para ecoar vozes silenciadas, que de outra forma jamais seriam ouvidas. Livros como “Americanah”, da Nigeriana Chimamanda N. Adichie ou “O Ódio que Você Semeia”, da Norte-Americana Angie Thomas educam sobre racismo e desigualdade com histórias envolventes. A literatura ainda se presta a um papel capital em evoluir o ser humano, quando incomoda, questiona e transforma a mente e depois o meio em que vivemos.

E há os clássicos, que seguem dialogando com o presente. “1984” de George Orwell, que já foi base de uma das minhas colunas anteriores aqui, parece escrito para esta era das ‘Fake News’; “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, ainda nos faz duvidar de narrativas que parecem verdades pétreas. Reler é descobrir que os livros mudam conosco. Num mundo de distrações infinitas, o livro exige pausa. Ele não se rende ao algoritmo, não se resume a um like. É conversa íntima entre autor e leitor, ponte entre épocas, arma contra a ignorância.

Celebremos, então, não só o livro como objeto, mas o ato de ler — esse milagre cotidiano que nos torna mais humanos. Feliz Dia Mundial do Livro. Que a próxima página esteja sempre por vir.

P.S.: E vocês, caros leitores, qual livro marcou as suas vidas? Aquele que vocês não cansam de recomendar? Conte-nos qual é, para também termos o prazer de lê-lo — afinal, toda boa história merece ser compartilhada.


📰 Esta publicação também está no jornal O Democrata!

Nosso artigo foi publicado na edição do dia 26/04/2025 do jornal O Democrata, na página 5.

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Olá, eu sou Ari Jr

Sou escritor, blogueiro e viajante. Ser criativo e fazer coisas que me mantêm feliz é o lema da minha vida.

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