Olá, queridos leitores! Vamos falar de um assunto que, infelizmente, está virando marca registrada da nossa querida Piracicaba, e não me refiro nem a pamonha nem o peixe assado. É o trânsito. E não qualquer trânsito: aquele que, segundo o G1, nos colocou no topo do ranking nada honroso de maior média de mortes no estado de São Paulo. Sim, Piracicaba. A cidade que encanta com suas pontes e pujança estrutural, mas que, de motor ligado, tem se mostrado um cenário de impaciência, imprudência e, no fim, tragédia.
O artigo do G1, publicado em abril de 2025, escancara o que muitos já sentiam no dia a dia: a nossa cidade virou um palco perigoso para motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres. Os dados mostram que, proporcionalmente, nossa média de mortes no trânsito supera até cidades maiores. E aí, a gente se pergunta: como uma cidade do tamanho da nossa consegue bater recordes tão tristes?
A resposta, caros leitores, não está só na engenharia de tráfego ou na fiscalização (que, claro, têm sua parcela de culpa). Ela está no espelho. Porque o trânsito é um retrato coletivo, e cada um de nós segura o pincel.
Quantas vezes a gente já não pensou, ou chegou a falar: “Ah, mas eu só dei uma ultrapassadinha rápida…” ou “Ah, mas eu só respondi uma mensagem no farol…” ou até mesmo “Ah, mas pedestre que anda devagar merece buzina mesmo…” O problema é que esse “só” vai se acumulando. O motorista que acelera no amarelo, o motoqueiro que corta pelo corredor como se estivesse numa pista do jogo eletrônico ‘Need for Speed’, o pedestre que atravessa olhando o celular… Tudo isso vai se somando até virar estatística. E, pior, até virar luto na casa de alguém.
Reclamar é fácil, e até necessário. Mas ação é melhor. Então, que tal a gente assumir que mudar esse cenário depende de cada um? Algumas ideias simples, mas que fazem diferença, podem ser listadas aqui:
1. Pé no freio e na humildade – Sim, nenhum de nós é o dono da rua, apesar de ela ser de todos. Respeitar a velocidade, o cruzamento, a preferência do pedestre, não é “ser bonzinho”. É ser civilizado.
2. Celular? Só se o carro estiver desligado – Não existe mensagem que não possa esperar a resposta. Nenhum ‘like’ vale uma vida.
3. Motoqueiro não é super-herói – Quem anda de moto sabe: um deslize e o preço é alto, o para-choque da moto é o próprio condutor dela. Capacete não é enfeite, e corredor não é pista exclusiva.
4. Pedestre também é gente – Se você anda a pé, não adianta só culpar os carros. Atravessar fora da faixa, distraído, é pedir para entrar nas estatísticas.
5. Denuncie e cobre – Semáforo quebrado? Rua esburacada que vira armadilha? Cruzamentos claramente perigosos, sem sinalização ou mesmo passarelas? A prefeitura tem obrigação de agir, mas precisa ser cobrada. Use canais de comunicação, pressione, acompanhe, seja mais que um espectador passivo.
A gente tem uma cidade linda, com um povo acolhedor e uma cultura rica. Não faz sentido que a nossa fama, agora, esteja manchada por um trânsito violento. Dá para virar esse jogo, mas isso exige de nós encararmos que o problema é de todos. Então, que tal começar hoje? Na próxima vez que você sair de casa, lembre-se: o trânsito seguro não é só dever do outro. É seu também. E, no fim das contas, pode ser a diferença entre chegar em casa ou virar notícia.
Vamos fazer a nossa parte, Piracicaba. Porque cidade inteligente não é a que tem mais radares, e sim, a que tem mais consciência.

15/07/2025 – A4