Nos dois primeiros artigos desta série, exploramos as diferentes formas de leitura e como elas se adaptam às preferências de cada faixa etária, além de analisar o crescimento (ou declínio) dos mercados de livros físicos e digitais. Agora, chegou o momento de responder à pergunta que muitos leitores se fazem: qual formato dominará o futuro da leitura?
O livro físico tem uma vantagem difícil de superar: sua experiência sensorial. O cheiro do papel, o ato de virar as páginas e a satisfação de ver uma estante repleta de obras são elementos que continuam a cativar milhões de leitores. Dados da Publishers Weekly mostram que, mesmo com a ascensão dos e-books, as vendas de livros impressos têm se mantido estáveis ou até crescido em alguns mercados.
Além disso, o livro físico tem um valor simbólico que vai além da leitura. Presentear alguém com um livro, colecionar edições especiais ou frequentar livrarias e feiras literárias são práticas culturais que dificilmente desaparecerão. No entanto, o futuro do livro físico pode passar por adaptações, como, por exemplo (1) Edições limitadas e de luxo, voltadas para colecionadores; ou (2) Integração com tecnologia, como QR codes que direcionam para conteúdos extras; e (3) Sustentabilidade, com editoras investindo em papéis reciclados e tintas ecológicas.
Agora, em se tratando de e-books, que já são uma realidade consolidada, especialmente entre os jovens, a Statista projeta que o mercado global destes livros atingirá US$ 15,33 bilhões até 2025, impulsionado pela conveniência de carregar uma biblioteca inteira no bolso.
Além disso, podemos citar outro segmento: os audiolivros estão em franco crescimento, especialmente entre quem busca conciliar leitura com outras atividades. A Audio Publishers Association (APA) registrou um aumento de 25% nas vendas em 2021, mostrando que esse formato veio para ficar.
A grande questão então não é se um formato vai extinguir o outro, mas como eles vão coexistir e se complementar. Algumas tendências que moldarão o futuro da leitura incluem, por exemplo (a) Leitura Híbrida, onde muitos leitores já alternam entre físico e digital, dependendo da situação. Um livro físico em casa, um e-book durante a viagem e um audiolivro no trânsito podem ser a realidade de muitos. (b) Tecnologias Imersivas como a realidade aumentada e a inteligência artificial, que podem transformar a leitura em uma experiência interativa. Imaginem livros infantis onde os personagens “ganham vida” ou obras didáticas com modelos 3D explicativos. (c) Personalização, onde plataformas digitais podem oferecer recomendações cada vez mais precisas, enquanto livros físicos podem ter edições customizadas conforme o gosto dos leitores, e até (d) Acessibilidade – Formatos digitais e audiolivros se tornando imprescindíveis para pessoas com deficiência visual ou dificuldades de leitura, garantindo que o conhecimento seja democrático.
Não importa se o futuro será dominado por livros físicos, digitais ou audiolivros – o essencial é que a leitura continue viva. Essa é a nossa luta, caro leitor, por exemplo, da minha parte escrevendo aqui e contando com sua leitura, aí do outro lado. Cada formato tem seu lugar e sua função, atendendo a diferentes necessidades e momentos da vida.
O verdadeiro desafio não é escolher entre papel ou pixel, mas manter a leitura como um hábito perene em nossa rotina. Em um mundo cada vez mais acelerado e dominado por conteúdos superficiais, mergulhar em um livro (seja ele qual for) é um ato de resistência intelectual e emocional.
Portanto, não deixe que o formato seja uma barreira. Experimente diferentes métodos, descubra o que mais combina com você e, acima de tudo, nunca pare de ler. Porque, no fim das contas, o que importa não é como você lê, mas sim o que a leitura transforma em você.
Esta publicação também está disponível no jornal A Tribuna, na edição do dia 01/04/2025, na página A3. Você pode acessar a versão em PDF pelo link: A Tribuna – Edição 13608.