A PARÁBOLA DO PATO

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Hoje, enfrentamos um problema que é a pluralidade de escolhas quase intermináveis. Quando queríamos ver um filme na minha infância e adolescência, por exemplo, tínhamos, aos sábados, o “Super Cine”, e às segundas-feiras, “Tela Quente”. E a única intervenção nossa nisso era torcer que as fitas passadas ali nos agradassem. Senão, iríamos assistir a um filme não tão afeito a nossa preferência, e, pronto, era isso. Hoje, temos várias opções de streamings, outras tantas para download, e dentro dessas, uma infinidade de títulos, a ponto de ficarmos mais tempo escolhendo um título do que realmente assistindo-o. Isso quando não acessamos nas redes sociais contas de pessoas que nos indicam títulos, deixando que resolvam por nós o cardápio de escolhas, diminuindo um pouco as possibilidades, mas, mesmo assim, ainda deixando um pouco complicada a nossa vida de cinéfilo.

Isso acaba se refletindo na nossa oferta ‘de nós mesmo’ para as pessoas, para os empregadores, para os clientes, para nossos entes queridos etc. Acabamos querendo ser tão plurais quanto possível, dando às pessoas múltiplas opções de escolha de nós mesmos. E, mesmo todos os especialistas dizendo hoje que isso é demonstração de valor, quero contar uma parábola simples que mostra que quase nunca isso é assim.

A parábola é do pato, com o coelho, a águia e o peixe. O pato, na parábola, é apresentado como um animal que tenta ser versátil. Ele se gaba perante os outros animais de correr, voar e nadar, mas não é exímio em nenhuma dessas habilidades. Quando confrontado com o coelho (especialista em correr), a águia (especialista em voar) e o peixe (especialista em nadar), o pato não consegue competir em nenhuma dessas áreas. Essa versatilidade superficial o torna medíocre em todas as frentes.

Para piorar as coisas, quando o lobo aparece, cada animal usa sua especialização para escapar: o coelho corre, a águia voa e o peixe mergulha. O pato, no entanto, fica indeciso. Ele tenta correr, voar e nadar ao mesmo tempo, mas não consegue fazer nenhuma dessas coisas com eficiência suficiente para escapar. Sua falta de foco e especialização o torna vulnerável, e acaba sendo devorado pelo predador.

A parábola nos ensina que tentar ser bom em tudo muitas vezes significa não ser excelente em nada. A dispersão de esforços pode levar à mediocridade e à incapacidade de enfrentar desafios críticos. Em contraste, a especialização permite que indivíduos ou organizações desenvolvam habilidades únicas e se destaquem em suas áreas de atuação. E isso está intimamente relacionado com o foco nas nossas escolhas, com o afunilamento das nossas opções. Sei que, quando se é jovem, ficamos atônitos com a ampla gama de opções em cursos superiores, por exemplo. Daí, começam os palpites: Amo esse curso X de humanas, mas, não dá dinheiro. Poderia fazer aquele curso Y de exatas, ele tem muita procura, mas eu não gosto. Tem aquela especialização Z, que dizem ser a profissão do futuro, mas eu não sei nem o conceito básico do que ela ensina… E o tempo passa, e daqui a pouco não nos formamos em nada, e estamos velhos e ainda batendo a cabeça nas mais diversas possibilidades.

No mundo profissional e pessoal, a parábola do pato serve como um alerta contra a tentação de abraçar muitas atividades sem aprofundamento. Em vez disso, é mais eficaz identificar nossas forças e focar nelas, sem perdermos tempo demais em analisar e reanalisar escolhas, desenvolvendo assim expertise e competência. Isso não significa ignorar outras habilidades complementares, nem simplesmente apontar o nariz para onde o vento vai e abraçar sem pensar o que nos é oferecido, mas sim priorizar o que realmente importa para alcançar resultados excepcionais.

A excelência é alcançada quando nos dedicamos a dominar uma área específica, enquanto a tentativa de ser “tudo para todos” pode levar à mediocridade. A parábola reforça a ideia de que a especialização é um caminho mais seguro para o sucesso e a sobrevivência em um ambiente competitivo. Sejamos, então, menos “patos”.


📰 Esta publicação também está no jornal O Democrata!

Nosso artigo foi publicado na edição do dia 22/02/2025 do jornal O Democrata, na página 6.

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Olá, eu sou Ari Jr

Sou escritor, blogueiro e viajante. Ser criativo e fazer coisas que me mantêm feliz é o lema da minha vida.

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