CADA UM NO SEU QUADRADO. SERÁ MESMO?

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Em 2011, o artista Iran Costa lançou o hit “Dança do Quadrado”, onde basicamente dizia que cada um devia ficar no seu quadrado. Isso não é novo no mundo. Tudo, inclusive seres humanos, tem de ter nome, classe, a quem ou a que pertence. E se alguém que se convencionou que deve pertencer a classe ‘X’, escolher pertencer a classe ‘Y’, por não ter certas características da outra classe, ou mesmo, não pertencer a nenhuma das duas, pronto! O cérebro de todos entra em parafuso e a partir daí, esse ‘desajustado’ que não está em nenhum ‘quadrado’ começa a ter sua imagem arranhada, sua fama linchada, ou, como se usa hoje a expressão, passa a ser CANCELADO.

Hoje, além dessa necessidade de catalogar a cada pessoa, temos ainda o fenômeno da polarização. Isso é um tanto recente na história humana. Na Brasileira, então, não deve ter muito mais que 40 anos. Mas, tomou proporções gigantescas, e agora, funciona assim: Frei Gilson é de direita, não pode ser Frei; o filme Ainda Estou Aqui é de esquerda, não pode ganhar prêmio comercial, patrão é capitalista, não pode pensar em distribuição justa de renda, empregado é proletariado, não pode ter admiração por empreendedor. Tudo tem de estar estritamente encaixado nas cores preta ou branca. Não pode haver gradientes disso. Isso é pequeno demais para seres com a capacidade mental nossa!

A necessidade de classificar tudo e todos pode até ser vista entre alguns como positivo, uma tentativa de simplificar o mundo, de torná-lo mais compreensível e controlável. No entanto, essa simplificação muitas vezes ignora a complexidade e a riqueza da experiência humana. Quando reduzimos as pessoas a categorias como ‘A’ ou ‘B’, ou as definimos apenas por sua convicção política, religiosa, ou qualquer outra característica singular, estamos negando a pluralidade que existe dentro de cada indivíduo.

Eu posso perfeitamente ser de direita, e querer que a riqueza seja mais bem distribuída, posso ser religioso e não acreditar em certos ensinos de certas igrejas, porque além de votar em político fulano ou beltrano, eu não sou só eleitor deste ou daquele, eu sou homem, sou pai, sou tio, sou contratado, sou contratante, sou apreciador do silêncio, mas também de boa música. Gosto do doce, mas também do salgado. Ser alguém múltiplo não faz dessa pessoa a conhecida “Maria vai com as outras”, existem princípios que regem a minha e a sua vida, mas isso não quer dizer que não tenhamos margem para gostos diferentes, e as vezes, antagônicos, dependendo das circunstâncias.

Aceitar que as pessoas podem ser diferentes de nós, que podem pensar, sentir e agir de maneiras que não compreendemos completamente, é um passo essencial para a construção de uma sociedade mais tolerante e inclusiva. Mas, quando falo ‘sociedade’ você pode enxergar isso como algo distante do qual não faz parte, então vou mudar: Em vez de temer essas diferenças, devemos celebrá-las, pois é na diversidade que encontramos a verdadeira riqueza da humanidade. Você, leitor, assim como eu, seremos mais leves, felizes, e pacíficos, aceitando que as pessoas são como são e não precisamos ficar bravos com isso, muito menos tentar mudá-las. Só as respeitar, do jeito que são e com as escolhas que fizeram.

Quando nos permitimos ver além dos rótulos e das classificações, começamos a entender que cada pessoa tem uma história única, cheia de nuances e contradições. Aceitar a pluralidade do ser humano não é apenas um ato de bondade ou tolerância; é um reconhecimento da nossa própria humanidade.

Portanto, em vez de tentar encaixar todos em “quadrados” pré-definidos, devemos abraçar a ideia de que cada um de nós é um universo em si mesmo, cheio de possibilidades e potencialidades. Só assim poderemos construir um mundo onde a diversidade não seja apenas tolerada, mas verdadeiramente valorizada. Então, concluo citando outra música, para você, leitor, analisar e aplicar no seu dia a dia, no tocante abordado nessa crônica: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.” (Raul Seixas).


📰 Esta publicação também está no jornal O Democrata!

Nosso artigo foi publicado na edição do dia 15/03/2025 do jornal O Democrata, na página 5.

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Olá, eu sou Ari Jr

Sou escritor, blogueiro e viajante. Ser criativo e fazer coisas que me mantêm feliz é o lema da minha vida.

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