MARCOS REY – UM SÉCULO DE NARRATIVAS VIVAS

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No centenário de seu nascimento, celebrado na semana passada, Marcos Rey permanece como uma das figuras mais influentes e queridas da literatura brasileira. Nascido em 17 de fevereiro de 1925, em São Paulo, Edmundo Donato, seu nome de batismo, adotou o pseudônimo que se tornaria sinônimo de histórias cativantes, personagens memoráveis e uma escrita que dialogava diretamente com o leitor. Sua obra, marcada pela versatilidade e pela capacidade de transitar entre gêneros, consolidou-o como um mestre da narrativa popular.

Marcos Rey iniciou sua carreira literária na década de 1950, destacando-se inicialmente como contista e roteirista. Sua habilidade em criar tramas envolventes e diálogos afiados logo chamou a atenção do público e da crítica. No entanto, foi na literatura infantojuvenil que ele alcançou um lugar de destaque incontestável, e isso posso dizer por experiência própria. Com mais de 50 livros publicados, muitos deles integrantes da célebre coleção Vaga-Lume, Rey conquistou gerações de jovens leitores. Obras como O Mistério do Cinco Estrelas e Um Cadáver Ouve Rádio, os quais li a todos, são exemplos de sua capacidade de misturar suspense, humor e uma pitada de crítica social, elementos que cativam até agora, e que deveriam ser mais indicados aos jovens de hoje, para que estes também tivessem despertado seu gosto pela leitura, pois, nesse quesito, Marcos Rey é uma ótima porta de entrada.

Mas, para quem pensa que sua produção foi específica para o público jovem, engana-se, pois Marcos Rey também se destacou na literatura adulta, com romances policiais e crônicas que retratavam o cotidiano brasileiro com perspicácia e sensibilidade. Sua série de livros protagonizada pelo detetive Bolacha, como O Enterro da Cafetina e O Caso do Vestido, é considerada um marco do gênero policial no Brasil. Posso citar especificamente o livro Café na Cama, que li já depois de minha adolescência, onde o escritor é exímio em mostrar, numa crítica social ácida, como o dinheiro pode seduzir as pessoas mais pobres e simplórias, levando-as a renunciar a princípios e fazer coisas de caráter mais que duvidoso. Marcos Rey tinha o dom de transformar histórias aparentemente simples em narrativas ricas e cheias de nuances, explorando temas como a desigualdade social, a corrupção e a complexidade das relações humanas como poucos fizeram.

Outro aspecto notável de sua carreira, desconhecido da maioria, foi a sua contribuição sólida para o cinema e a televisão. Ele escreveu roteiros para filmes e séries, adaptando muitas de suas próprias obras para as telas. A princípio, como ele mesmo cita na biografia Maldição e Glória (Carlos Maranhão), fez isso por pura necessidade financeira, mas, depois, gostou desse ofício de roteirista e se esmerou, como em toda sua obra, e os resultados foram notáveis, dignas de prêmios. Sua capacidade de transpor histórias literárias para outros formatos demonstrava não apenas seu talento como escritor, mas também sua compreensão profunda da narrativa visual.

Marcos Rey faleceu em 1999, na capital de São Paulo, cidade onde nasceu, criou a maioria de suas tramas literárias, e que amou incondicionalmente, mas seu legado permanece vivo. Suas histórias continuam a ser lidas e relidas, e sua influência pode ser percebida em diversos autores contemporâneos. No centenário de seu nascimento, é justo celebrar não apenas a obra de um grande escritor, mas também a de um contador de histórias que soube, como poucos, falar diretamente ao coração de seus leitores.

Em um país onde a literatura muitas vezes é vista como distante do grande público, Marcos Rey mostrou que é possível unir qualidade literária e popularidade. Seu centenário é uma oportunidade para revisitarmos sua obra e reconhecermos a importância de um autor que, com suas palavras, construiu pontes entre gerações e deixou um legado que permanece vivo e pulsante.


📰 Esta publicação também está no jornal O Democrata!

Nosso artigo foi publicado na edição do dia 01/03/2025 do jornal O Democrata, na página 6.

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Olá, eu sou Ari Jr

Sou escritor, blogueiro e viajante. Ser criativo e fazer coisas que me mantêm feliz é o lema da minha vida.

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